terça-feira, 14 de janeiro de 2014

As palavras sempre ficam..

Se me disseres que me amas, acreditarei, mas se escreveres que me amas, acreditarei ainda mais.
Se me falares da tua saudade, entenderei, mas se escreveres sobre ela, eu a sentirei junto comigo.
Se a tristeza te consumir e me contares, eu saberei, mas se a escreveres num papel o seu peso será menor.
Se tiveres vontade de fugir, eu perceberei, mas se o confidenciares comigo, fugirei contigo.
Se tocares a dor, eu verei, mas se a partilhares comigo, a curarei.
Se derramares uma lágrima, eu sentirei, se o fizeres abraçado a mim, eu a secarei.
Se me mentires, eu fingirei, mas se repuseres a verdade, eu te perdoarei.
Se me traíres, eu viverei, mas se o repetires morrerei.
Se falhares, eu falharei, mas se falharmos juntos, sobreviverei.
Se o "se" o sempre o for, caminharemos, mas se o "se" se materializar, seremos eternos.
E se...!

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


O meu eu… a meu ver

 

Gosto de ler, dramas. Devia ler mais, escrever menos. Escrevo melhor com raiva e angústia. Como sob efeito do álcool, sem beber. Não gosto de matemática, ninguém me convence que preciso dela. Tenho pele branca, sardas, algumas gorduras (de bem com elas). Tenho uma gata, um gato e uma cadela. Os gatos entendem-me, já a cadela é doida de todo. Gosto de animais. Gostava de ter tido uma mãe, o pai dispensava se a mãe fosse boa. Gostava também de ter tido aulas de canto, as do coro da igreja não contam. De saber cantar também. Defendo a justiça, em defesa dela cometo algumas injustiças. Gosto da sinceridade, mas sou cínica por vezes. Sou adepta da ironia e do sarcasmo. Gosto de televisão, ainda que não passe nada de interessante efetivamente. Sou autodidata. Não tenho ideal político, racial ou crença religiosa. Preconceito também não, ok não entendo bem a homossexualidade. Respeito. Gosto do som da chuva, do cheiro do mar, da terra molhada. Odeio vento. Não gosto que me ameassem, despertam o lado negro. Que telefonem ou mandem mensagens escritas a altas horas. Que não me atendam o telefone. Aprendi que o destino existe e que as coincidências não. Gostava de ter estudado mais. Não gostei de ser criança, adoro ser mulher. E mãe. Como peixe mas não gosto muito. Cor preferida é o azul, a detestada, o vermelho. Gosto do lilás. Não suporto álcool, o seu cheiro e a sua existência. Delicio-me com Compal, fresco. Tenho família e família, falo com três ou quatro. Gosto dos lençóis da minha cama, só a partilho com o meu filho. Gosto de adormecer no peito do meu marido. Ah, amo o meu marido, muito mais o meu filho. Não bebo, não uso drogas, já fumei e deixei. Apologista da utilização de energias renováveis. Faço reciclagem. Namorei muito, amei erradamente. Tenho conversas inteligentes com gente burra, colocando em causa a inteligência das mesmas. Acho o marketing uma treta. Aprendi que homens bonitos não são sinónimo de cabeça oca, e os homens feios nem sempre são bens falantes. Não gosto que me digam: “Eu avisei-te”. Minto, mas acabo na verdade. Esqueço-me reiteradamente da medicação. Gosto de festas populares. Descobriu o amor aos 22 anos. Sou teimosa, porém humilde. Não sou arrogante, sou direta. Não sou antissocial sou seletiva. Reconheço que o mundo é dos espertos, mas depois é de quem? Pergunto. Acredito na reencarnação e de uma vida melhor, noutra vida. Descobri cedo a dureza dos fracos. Constatei que o tempo cicatriza. Sonho mais a dormir que acordada. Não percebo o porquê da vida. Sexto sentido apurado. Discirno enigmas. Intuo situações futuras, não por habilidades psíquicas mas pela atenção a pormenores. Sensível. Sou vingativa, de perdão difícil. Não gosto de figuras públicas nem dos seus afins. Gosto de me olhar nos espelhos dos carros e das montras. Gostava de saber cozinhar melhor. Gosto de arrumar a casa. Sou romântica. Tenho tanto de realista como de ingénua. Gosto de ser mulher. Não neste país. Não tenho irmãos, mas gostava. Não gosto da solidão, uma vez na multidão, desejo de novo a solidão. Sou pontual, até adiantada. Queria ter nascido em outro país. Só viajei até Espanha. Adora usar saltos altos mas não consigo. Não gosto de futebol mas sou do F.C. Porto. Odeio a aldeia, quero a cidade. Tendo em conta o passado, sim, terminarei no Inferno. Regalo-me com a água bem quente no corpo. Falo muito, escondo ainda mais. Queria dar sangue mas não posso. Finjo bem que acredito em tudo o que me dizem. Tenho a pele de quem fica o sabor de quem vai.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

"Coincidências"

Ela sentara-se naquele banco sujo pela natureza, com toda a força que o seu corpo exercera de exaustão. Sacudiu o cabelo, olhou em redor com aquela não desconhecida sensação de que alguém a observava. O verde intenso do jardim, da relva fresca e vivaça a confundiria com uma t-shirt da mesma cor, apenas com um vermelho sangue. Aquele vermelho sangue a ilucidara do que na verdade se...
tratava.
Sentado numas calças ganga azul céu, já esverdeadas do verde relva, ora com os olhos fixados no nada, ora no seu telemóvel grande e volumoso que de quando em quando se fazia ouvir. Os olhares tocam-se, um trovão fez-se sentir,será temporal? Mas o céu estava tao azul quanto as sua calças, no entanto tão verde quanto a relva que os circundava. Só eles entenderam, e não mais se largaram. Grunhados, agarraram as mãos, a vida deles nunca mais será a mesma! Acreditam em coincidências?
"A Primeira Vez"

A primeira vez nada tem de mais espetacular a não ser o facto de ser a primeira. O primeiro passo, o primeiro beijo, o primeiro namoro, o primeiro desgosto..uma infinidade de situações poder-se-iam mencionar. O mérito dado à primeira vez é tão válido quanto dado à última. Afinal, porque a primeira é tão marcante, fascinante ou devastadora na nossa memória? A primeira porque não se repete com a mesma intensidade e a última porque queremos que não mais se repita. A primeira vez!
"Stay Stronger"
Dás por ti a olhares o espelho, no teu íntimo és tu, não és tu, és o que fazem de ti. Perguntas: - " Quem sou eu?"
Mais um dia na tua vida repleto de dor e humilhação, sentes-te um Zombie fora da moldura. Raiva, desespero e muita desorientação e a única que anseias é fugir mas não foges, desejas gritar mas mantens-te calado, suplicas que te deixem, mantens-te visível. Fora da mol...
dura questionas quem és tu, o que fazes ali e porquê contigo.
Manhã cedo e sais temendo levar na face escrito o medo, vidrado nos olhos a aflição. Achas-te fraco, forte, mas não te sentes tu. Invadem-te novamente e pensas... Stay Stronger.... and you are.. more stronger than everybody. Stay Stronger pela primeira vez.. e desta vez para sempre.
"Eu e os mundos diferentes" ...

Sinto-me bem entre mundos diferentes porque, ao contrário do que julgam, sou tolerante. Dá-me gozo entender vários mundos. Recostada naquela cadeira dura, fria e a cambalear, esperava ansiosamente pela voz autoritária que me chamasse. No vão daquela espera interminável, no fundo, sabia-o. Os vários sons, zumbidos, murmúrios ocupavam a minha atenção e pensamento. Ai...
se eu exteriorizasse todos os meus pensamentos! Ajudando assim generosamente o tempo a passar. Neste momento sempre tão tranquilo, quase de introspecção. A TV servia-se do sensacionalismo com o objetivo de captar as atenções e conseguia-o, afinal de contas a vida e os podres dos outros são sempre mais interessantes que os nossos. Uma voz estridente soava no meio do fascínio pelo tema, aborrecia pelos agudos. As rececionistas nas suas comuns trocas de galhardetes, pormenores tão pessoais quanto dispensáveis. Pessoas na sua velhice a resmungar com as dores nos ossos, do clima, da crise. A tal crise, a tal mal fadada crise irritante e recorrente “Isto agora está uma miséria!” Pois, no “tempo deles” é que era bom, era bem melhor de facto. Onde uma sardinha dava, tinha de dar para cinco ou seis pessoas, até as espinhas iam com certeza. Onde as crianças começavam a trabalhar ainda na infância e pré-adolescência, deixando as suas famílias muito cedo e assim irem servir em casas de ricos e manientos. Tempos esses onde a moral era tanta e tão pouca que faziam por engravidar para assim conseguirem fugir aos seus pais alegando maus tratos, (ou seria desculpa)? Como é óbvio não me foi possível vivenciar esses tempos fantásticos, no entanto, apraz-me falar sobre o que é do conhecimento geral, ironicamente referido pelos mesmos experientes agora na fase da velhice, ou segunda infância. Ocorre-me primordiais frases pronunciadas com o cúmulo dos orgulhos: ”No meu tempo as mulheres andavam “debaixo” dos homens, hoje são umas galdérias”. É de ter orgulho? Antes galdéria e livre, do que falsa santa e aprisionada. De falsos moralismos está a nossa sociedade empestada. Será motivo de orgulho, gritarem a alta voz que passavam fome? Como se hoje não houvesse quem soubesse do que se trata passar fome! “No meu tempo as mulheres andavam vestidas decentemente!” Isso sim, bendita decência ou decadência, essa que levava as mulheres vestidas decentemente ao altar grávidas na maioria das vezes. Tão contraditório. Resultado porém, dos namoros à janela, possivelmente. Concluímos então que a decência não está de todo ligada com a moralidade, dignidade e o respeito. Como estas, outras situações idênticas que mancham a geração da perfeição, que por sua vez rotulam a geração à rasca que nada mais é que o fruto da geração das lamentações com a situação atual. Não quero portanto com isto dizer que hoje sim, é perfeito. Nada disso. Saliento sim, que nunca o será, a condição humana não o permite. Há sim lugares para tudo e todos neste mundo imperfeito onde a perfeição é um objetivo inalcançável, e se acumulam demasiados erros humanos que nos tornam miseráveis.
"Uma dor invisível"

Nada sentia a não ser uma coisa no corpo. Não um incómodo, uma dor, uma comichão, um peso, um aperto, uma picada. Estava sentada no puff de revista aberta nas pernas e nisto, sem contar, aquela dor nas pernas. Desta vez! Palpou-a, esfregou-a, tentou avaliá-la mas era difícil porque não era cá fora, lá dentro. Na fé que se desvaneceria, levantou-se, deu uns passos à sorte pela ...
sala, ligou a TV, escutou com atenção, bebeu água quando esses passos ao acaso a conduziram à cozinha. Parou, a ver se a coisa desaparecia, mas teimosa persistia. Na casa de banho, no meio de tanta oferta nafarmácia ambulante encontrara uma pomada para o reumático. Já a sua avozinha dizia beldades da mesma, como se de uma bênção se tratasse. Se fizera bem a ela, porque não faria à neta? Pensava ela, crente e de absoluta certeza. Sentou-se no sofá outra vez, num gesto vai e bem espalhava com convicção aquela dor, aquela que não se via mas sentia-se de forma acutilante e inequívoca. Inclinou-se para trás e não saía. Torceu-se para a direita e para a esquerda e nada. Ir ao hospital, tomar analgésico, telefonar a uma amiga… (Ir ao hospital?) Que diria na triagem? A dor que dói mas não se vê, nem consegue definir de tão abstracta e abrangente que é. Afigurou-se-lhe o ridículo, não teve coragem. Na esperança de que confortaria reclinou-se no cadeirão, aliás desconfortável, esperou um quarto de hora contado pelo relógio, cada vez mais aflita, resolvendo: “Não vou pensar mais nisto!” Claro que não deixou de pensar nisso, que ao fim e ao cabo permanecia inalterável. Encolheu as pernas novamente, e a coisa sempre tenaz, tranquila, presente. A que horas acabaria aquela coisa? Mais umas horas e acabara-se o tormento, adormecera mesmo com a dor a que se habituara.